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Eigen Reis

Chegámos a Porto Bello, Panamá, já de noite e fundeámos no fim da baía, pois muitos dos barcos que lá estavam não tinham luzes ou estavam afundados com os mastros fora de água, e de manhã reparámos que se fossemos fundear mais à frente poderia mesmo haver estragos.


Estivemos cerca de três dias em Porto Bello aproveitando o tempo ao máximo para estudar, pois Eigen Reis (nossa própria viagem) estava quase a começar.


No terceiro dia em Porto Bello, o Capitão mostrou-nos os grupos para a Eigen Reis, grupos de sete pessoas (6 alunos e 1 professor), e tivemos mais um dia para planear a nossa viagem pelo Panamá. Planear para que cidades ir primeiro, quanto tempo vamos ficar em cada sítio, claro, sem nunca esquecer que temos de orientar com apenas 20 dollars por dia por pessoa. Parece dinheiro suficiente, mas pensando bem são apenas 20 dollars para transporte de cidade para cidade, comida, sítio para dormir e ainda para fazer atividades extra durante a viagem.


Já com as mochilas carregadas e dentro do semi-ríjido, a Jet (membro da tripulação) deixou-nos em terra e lá fomos nós pela estrada a fora. Parámos num mini mercado movistar para comprar cartões Sim para os telemóveis e apanhámos um autocarro super maluco com música altíssima que nos deixou em Panamá City após longas horas pela estrada.


Quando chegámos a Panamá City procurámos um restaurante e em seguida fomos tentar arranjar um lugar para dormir. Andámos cerca de 2 km e entrámos num Hotel e como eu era o que mais percebia espanhol, entrei e consegui um quarto, onde é suposto dormirem três pessoas e não sete, por apenas 50 dollars por uma noite, 7 dollars por pessoas. Foi um difícil mas ótimo negócio que me deixou bastante orgulhoso de ter feito.


Entregaram-nos a chave e fomos até ao quarto. Um quarto com um ecrã plasma enorme, casa de banho e wifi, melhor era impossível por aquele preço e ainda por cima com pequeno almoço incluído.


À noite apanhámos um autocarro e fomos ao encontro de um outro grupo no Panamá Jazz Festival e quando o festival acabou voltámos ao hotel.


No dia seguinte fomos logo pela manhã passear pela cidade. É uma cidade de deixar de queixo caído, cheia de enormes prédios, própria via para bicicletas e muito limpa.


Fomos até a um centro comercial gigantesco onde era impossível entrar em todas as lojas em menos de três horas.


Depois de sairmos do centro comercial, fomos até ao hotel, pegámos nas nossas mochilas e fomos até a uma estação de autocarro para irmos para Santa Catalina.


Por acaso encontrámos outro grupo pelo caminho e fizemos 8 horas de viagem de autocarros com eles e por volta da meia noite parámos numa paragem de autocarro onde tínhamos de esperar até ás 5:00h da manhã pelo autocarro que nos levaria a Santa Catalina.


Então fizemos uma das coisas mais engraçadas de sempre. Dormimos na paragem de autocarro em sacos de cama e com duas pessoas acordadas de vigia.


Já a faltar 20 minutos para as 5 da manhã, acordei toda a gente para arrumar-mos tudo e seguir viagem.


Foi uma viagem longa, mas quando chegámos valeu mesmo a pena! O outro grupo foi para uma ilha que ficava em Santa Calina e o meu grupo ficou em Santa Catalina. É uma cidade muito pequena com quase nada, apenas algumas lojas locais, centro de mergulho, um ou outro restaurante e lojas de surf, mas sentiamo-nos bem recebidos lá, pois toda a gente parava para nos ajudar ou cumprimentar.


Fomos ao mini mercado para comprar o almoço e em seguida fomos até à praia, onde havia um campo de Surf. A praia era lindíssima e cheia de surfistas.

Deixámos as nossas coisas na praia e eu, o Maurits e a Denise fomos alugar pranchas de surf a uma loja na cidade e pelo caminho íamos sempre levantando o dedo a pedir boleia e parou uma mulher com o filho e levou-nos até à cidade (cerca de 3 km). O seu nome era Bianca e durante o caminho ela disse-nos que tinha um apartamento ao lado do seu restaurante e que nos fazia um preço especial de 6 dollars por pessoa, o que foi espetacular, pois podíamos tomar banho e cozinhar, assim gastámos menos dinheiro em comprar comida já feita ou pré feita.


Quando estávamos a voltar para a praia, uma mulher parou a sua mini van e deu-nos boleia e foi super engraçado porque de repente ela e os três filhos pequenos a ouvir Adele no rádio do carro começaram a cantar todos ao mesmo tempo.


Voltámos para a praia e eu e o Maurits fomos surfar. No início éramos terríveis, até que começámos a apanhar uma ondas e já no fim da tarde já éramos melhores do que os alunos do campo de surf, foi mesmo muito engraçado!


Pelas 18:00h fomos entregar as pranchas de surf e em seguida fomos até ao restaurante da Dona Bianca.


Preparámos as camas e eu fiz o jantar. Jantámos e fomos dormir para no dia seguinte acordar cedo e apanhar autocarro para Boquete.


Chegámos a Boquete muito tarde, já de noite e fomos andar pela cidade fora à procura de um lugar para dormir. Tínhamos apenas 20 dollars para todos gastar em estadia porque já tínhamos gasto 120 dollars só com o transporte e estava mesmo muito frio de noite.


Passámos pela festa local que estava a acontecer na cidade e encontrámos uma igreja onde tentámos dormir mas não nos deixaram lá dormir. Então fomos até aos bombeiros mas disseram-nos que tinham tido problemas com um grupo antes e que não era possível ficarmos lá. Já tardíssimo, entrei na esquadra da polícia e falei com o chefe da esquadra que foi muito simpático e atencioso e me atendeu o mais depressa possível mas devido ao uso de armas e á festa que estava a acontecer era perigoso e não lhes era permitido deixar tal acontecer.


Entrámos num hostel e perguntámos pelo preço, mas era demasiado caro para o nosso orçamento e então o empregado disse que ia chamar o dono para fazer um preço especial mas claro que não iamos ter dinheiro suficiente.


Contudo, o empregado tinha saído e então sentámo-nos e usámos a wifi do hostel durante 2 horas e nada do Dono aparecer. Então fomos até á sala de estar e pusémos os nossos sacos de cama no chão e adormecemos lá. Meia hora mais tarde, o dono do hostel acende a luz da sala de estar e pergunta “Foi o johnny que vos deixou aqui ficar?” e o Frank (professor do nosso grupo) respondeu “Eu não sei o nome dele mas sim, ele deixou-nos ficar aqui esta noite”. Eu só sei que não queria ser o johnny naquele momento, ahahah. Pobre Johnny!


De manhã, eu, o Maurits e a Sophie fomos ao super mercado comprar o pequeno almoço. Tomámos o pequeno almoço no hostel e antes de sairmos deixámos 15 dollars.


Separámo-nos em dois grupos pois uns foram andar a cavalo e outros fazer trilhos em mountain bike e encontrámo-nos todos á tarde.


Foi um dia espetacular em que visitei uma das mais famosas fábricas de café do Panamá e finalmente pude ver mais da natureza pura que lá existe. Paisagens lindíssimas que me fazem querer lá voltar um dia.


Já de noite estávamos nós fora de uma bomba de gasolina a pedir boleia. Ficámos lá cerca de uma hora e meia sem conseguir boleia até que um Italiano com um pastor alemão na caixa parou a carrinha e disse que nos levava uns 2 km mais à frente pois como vivia em Boquete não nos podia levar à próxima cidade (David). Fomos na caixa da carrinha e o professor foi dentro da carrinha e obviamente o Frank contou o que estávamos a fazer durante a viagem e o homem levou-nos até a um hostel para ver se conseguíamos um bom preço. Mas era demasiado para nós e ao ver aquilo o homem disse que nos levava para casa dele e que na manhã seguinte nos levava até à próxima paragem de autocarro mas que primeiro ia ao super mercado para comprar ingredientes para o jantar.


Nem queríamos acreditar na sorte que estavamos a ter naquele momento.


Foi uma viagem de cerca de 30 minutos até chegar a casa do Paolo. A casa ficava no meio do nada. Já bem escuro entrámos na propriedade dele e até chegar à casa passámos por árvores de fruto, era um terreno que nunca mais acabava.


Quando finalmente chegámos, fomos recebidos por mais dois pastores alemães e quando finalmente vimos a casa ficámos espantados. Era uma casa de madeira lindíssima.


Ajudámos a fazer o jantar. Adivihem lá o que era! Pasta claro! Ahah.


Depois do jantar jogámos ping pong e pusemos a conversa em dia com os familiares e amigos e fomos dormir.


Na manhã seguinte, o Paolo deixou-nos no autocarro e lá fomos nós para David.


Quando lá chegámos, apanhámos logo outro autocarro para Almirante pois David não era nada de especial e não havia nada de especial para lá fazer.


Até chegar a Almirante foi uma longa viagem de muitas horas mas foi a viagem de autocarro em que mais deu para ver lindas paisagens, aquelas paisagens que merecem uma fotografia no momento.


Uma coisa de que não gostei muito foi da organização nos autocarros e do quão apertados ficávamos durante horas e horas.


Chegámos ao anoitecer a Almirante e fomos até ao super mercado para comprar o jantar e por acaso encontrámos a oportunidade perfeita para irmos até ao destino final, Bocas Del Toro, Isla Colón, um homem que tinha uma lancha privada e que nos levava por 8 dollars cada um até à ilha. Como o Ferry já não passava àquela hora, lá fomos nós de noite numa lancha de boca aberta num mar liso como uma lagoa.


As casas, os bares, lojas e hoteis eram todos perto da água sustentados por pilares. Era mesmo espetacular!


Fomos até à praia, onde acendemos uma fogueira e passámos a noite em sacos de cama na praia. Surpresa! A meio da noite começou a chover quase torrencialmente durante cinco minutos e foi o suficiente para estragar o meu telemóvel! Ups...


No dia seguinte consegui alugar um quarto de hotel por apenas 60 dollars depois de negociar durante quase 15 minutos mas sempre consegui. O Hotel era à beira da água, e no fundo tinha uma espécie de esplanada onde podíamos comer e descansar e até nadar pois era em cima de água! Do nosso quarto podíamos ver água quase até à nossa janela e muitos veleiros na água em frente da janela.


O tempo que passámos naquela ilha foi espetacular. Fomos visitar um parque natural com inúmeras aves, sapos, macacos e preguiças.


Saímos à noite com todos os grupos para a festa na cidade pois era véspera de Carnaval.


Fomos até a outra ilha que tinha uma praia lindíssima onde surfámos durante a tarde.


Quando voltámos ao barco arrumámos tudo nos nossos quartos e voltámos a estudar com intervalo de cerca de duas horas á tarde para ir nadar.


No terceiro dia no barco fomos até à mesma ilha onde surfámos e jogámos um jogo em que nos faziam perguntas pessoais e tínhamos sim ou não apenas, ao atravessar a linha da água correspondia a sim.


Depois fizemos duas filas e tivemos uma conversa de 2 minutos com toda a gente incluíndo professores e tripulação em que tinham de apontar um aspeto negativo e outro positivo á outra pessoa e o contrário.


Foi muito bom que tenhamos feito aqueles dois jogos pois ficámos a conhecer-nos muito melhor uns aos outros, e a relação entre todos melhorou imenso nos últimos dias. Estamos muito mais unidos que antes do jogo. É super interessante pensar que pequenas coisas podem mudar muito as pessoas.


Estamos no mar à cerca de seis dias com mais quatro dias previstos de mar até Cuba onde vamos ter mais uma espetacular Eigen Reis. Nos últimos dois dias antes de chegar a Cuba vamos comandar o navio outra vez, agora é tempo de escrever uma carta ao capitão a candidatarmo-nos para um posto durante os próximos dois dias.


E assim vai a vida a bordo do Regina Maris.




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