De Amesterdão a Tenerife - A primeira etapa do grande sonho
- Sjors
- 8 de nov. de 2016
- 4 min de leitura
Finalmente faço parte do School At Sea! Foram 6 meses de esforço a tentar reunir apoios para conseguir atingir este meu grande objetivo, passar 6 meses a bordo de um navio escola, foram esses mesmos 6 meses de luta e persistência que me fizeram ver que com muita força de vontade e acreditando em nós próprios nada é impossível.
No dia 15 de Outubro foi o primeiro dia a bordo do Regina Maris, a que posso já chamar de segunda casa. Foi o dia em que conheci os restantes participantes que ainda não conheci no fim de semana de seleção e foi o dia em que conheci os 4 professores e a tripulação que partilham connosco esta experiência única. Passamos uma semana no navio mas atracados, foi uma semana de preparação em que ficamos a conhecer o navio e a conhecer-nos uns aos outros um pouco melhor.
Finalmente o grande dia chegou! A 21 de Outubro partimos de Amesterdão em a Ijmuden para chegarmos finalmente ao grande oceano. Após o Sam, Capitão do Regina Maris ter tomado um banho de óleo enquanto colocava o óleo na direção do leme antes de sairmos do porto era tempo de ligar o motor e arrancar até Ijmuden. Mas foi quando tentamos sair do porto que reparámos que a hélice do navio não rodava, bem... tempo de o capitão tirar o óleo de cima e mergulhar para verificar a hélice.
Foram cerca 25 minutos a tentar cortar um grande cabo de amarração preso no hélice mas finalmente foi possível retirar o cabo e em seguida partir para Ijmuden.
Quando saímos de Ijmuden e deixamos de ver luzes de terra tive uma sensação estranha, uma sensação de liberdade inexplicável, foi algo único.
Os primeiros dois dias foram complicados para a maioria dos alunos e professores para se habituarem ao balanço do barco, enjoavam a toda a hora. Felizmente não passei por isso.
Passamos 12 dias consecutivos no mar, tudo passou a ser uma “rotina”, num dia temos aulas e no dia seguinte temos turnos de mar nos quais temos de controlar todo o navio, desde içar ou recolher velas, manutenção, verificação da casa das máquinas, navegar o navio, marcar a posição do navio e a rota a definir.
Os professores são super simpáticos e disponíveis para tudo o que precisamos. Após 20 dias posso mesmo dizer que nós alunos não os vemos só como professores mas também como amigos que estão sempre lá para nos ajudar. Isso é algo que deveria existir em todo o lado!
Somos 34 estudantes entre os 14 e os 17 anos, todos têm feitios muito diferentes e isso torna tudo muito mais especial. Passou tão pouco tempo mas somos já tão próximos uns dos outros, é incrível!
Antes de tudo começar pensei que seria difícil integrar-me no grupo pois a maioria dos estudantes são holandeses mas a verdade é que foi muito fácil, todos são super simpáticos e dispostos a ajudarem-se uns aos outros. Já aprendi algumas coisas em holandês e tem estado a correr bastante bem até porque sempre tenho alguma dúvida qualquer pessoa no navio está disposta a ajudar, até criamos momentos muito engraçados ao pronunciar palavras nesta língua que para mim ainda é bastante difícil mas de dia para dia sinto que vou conseguindo atenuar cada vez mais essa dificuldade.
Todos os dias temos praticado o plank challenge duas vezes ao dia, tem sido mesmo engraçado.
As coisas de que mais tenho gostado têm sido subir ao mastro e olhar em volta e ver apenas água em volta, é extraordinário, observar as estrelas, as constelações, sentir o vento a toda a hora, o balanço do barco, aprender holandês, aprender mais sobre navegação... enfim tudo! A autonomia e responsabilidade dentro e fora do navio tem sido um desafio inexplicavél.
No dia 3 de Novembro chegámos a Tenerife por volta das 7 da manhã. Tempo de limpar todo o navio de ponta a ponta. Pelas 3:30h entregaram-nos os telemóveis e dinheiro e fomos nós apenas os alunos em grupos no mínimo de 3 pessoas passear e conhecer um pouco da cidade de Santa cruz com regresso marcado ao navio ás 22:00h. Foi ótimo sentir aquela liberdade e responsabilidade, acho que sem nos depararmos com isso estamos a crescer e a preparar-nos para o futuro.
No dia 5 de Novembro, depois de uma manhã de estudo, fomos pela cidade dentro pôr em prática as nossas aulas de espanhol que tivemos durante os dias de mar, ou seja, os professores puseram-nos a jogar um jogo chamado “Un huevo por una manzana”. Dividiram-nos em vários grupos de três pessoas e deram a cada grupo uma esférográfica e o objetivo era em duas horas trocar a esferográfica por outra coisa mais valiosa e assim sucessivamente para no fim das duas horas nos encontrar-mos num parque com os professores.
Primeiro, eu e o meu grupo fomos até a um restaurante onde inesperadamente um dos empregados era um simpático senhor português por volta dos 50 anos de idade. Entrámos no restaurante com uma esferográfica e saímos de lá com um vale para um gelado grátis. Andámos imenso pelas ruas a tentar trocar um gelado grátis por algo, até que começou a chover imenso e quando já estávamos encharcados e quase no fim do tempo fomos até um quiósque onde conseguimos trocar o gelado por uma revista e fomos em direção ao parque para voltar-mos com os professores ao navio. Foi sem dúvida uma tarde espetacular!
Agora mal posso esperar por irmos subir o El Teide!
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